Por que você não pode desistir da ética no serviço público?
A cada dia, diante dos fatos que tomamos conhecimento, acabamos por constatar que a corrupção é um componente cultural e histórico brasileiro. Porém, a nossa sociedade está em transformação, e essa revolução é vem sendo feita por pessoas que, mesmo diante de um panorama negativo, acreditam que o país vai mudar com trabalho e compromisso e que não desistem da ética no serviço público.
Neste artigo, explicaremos por que você não pode desistir da ética no serviço público e como a honestidade e a integridade podem deixar de ser exceção para virar regra nas nossas instituições, além do papel da tecnologia em tudo isso. Confira!
Ainda existe ética no serviço público?
No momento em que vivemos, é comum nos perguntarmos se ainda existe ética profissional no serviço público brasileiro. Além dos grandes escândalos que dominam as manchetes dos principais jornais e portais de notícias do país, esquemas menores de conduta incorreta ou desvios comportamentais rendem notas de rodapé quase que diariamente nessas publicações — como o caso da apreensão de 14 dedos de silicone utilizados para bater o ponto de funcionários públicos que não compareciam ao serviço.
Essas notícias minam aos poucos a confiança do brasileiro em suas instituições, e a sensação é que a corrupção só cresce em todas as esferas possíveis. Mas essa percepção pode ser um pouco distorcida: ao avaliar dados históricos, não é possível afirmar que o brasileiro está mais corrupto, mas sim que esses crimes estão sendo mais investigados e expostos.
E uma das razões para isso é a chamada Accountability, um termo em inglês utilizado para descrever a responsabilidade ética das instituições em prestar contas de forma transparente às partes interessadas.
Essa evolução é a prova de que não só existe ética no serviço público como ela deve ser reforçada cada vez mais. Com a transparência do Accountability, ações desonestas se tornam visíveis e é mais fácil buscar sua correção.
Antes de 1980, era comum que políticos do Poder Executivo, como prefeitos, governadores e presidentes, tomassem decisões unilaterais sem se preocupar em, pelo menos, informar a população sobre elas. Mas, com a introdução de políticas relacionadas ao Accountability, se tornou obrigatório prestar contas de tudo que é feito na esfera pública do país.
Isso já acontecia em menor grau com a publicação do Diário Oficial da União, mas se tornou mais intenso após a chegada dos portais de transparência — que divulgam diversos dados relevantes sobre a administração pública e seus gastos para a população.
Além disso, órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público (MP) são responsáveis por fiscalizar e auditar essas contas, enquanto a Polícia Federal (PF) investiga irregularidades, improbidades administrativas e esquemas de corrupção.
Assim, antes da redemocratização do país, era complexo perceber a presença da ética no contexto da gestão pública no Brasil. Agora, com o desenvolvimento de mecanismos de controle, a desonestidade que muitas pessoas já suspeitavam existir se revela com mais clareza.
Como a tecnologia pode ajudar?
Apesar do combate à corrupção ter se intensificado nos últimos anos, ainda há um longo caminho a ser percorrido para estabelecer a ética no serviço público do país. E a tecnologia é um aliado fundamental na busca por instituições confiáveis.
Por meio de ferramentas tecnológicas, é possível que a população conheça seus direitos, acessem os dados públicos e cobrem por resultados. E isso só é possível com transparência, clareza, proximidade e consciência cidadã.
O serviço público é uma atividade profissional como qualquer outra — e é importante exigir que bons resultados sejam alcançados. Com o suporte da tecnologia, a população consegue fazer essa cobrança de forma mais direcionada e efetiva.
A tecnologia é um caminho para que a população não desista do setor público. Com ela, é mais fácil acompanhar o que é feito e o que não é feito e, com isso, compreender melhor o trabalho e as responsabilidades na área.
Com as novas tecnologias, a tendência é de que a população retome a confiança no serviço público, ao mesmo tempo que este se torna mais ético.
E, felizmente, o Accountability é uma prática que vem se firmando no Brasil, e a tendência é que cada vez mais mecanismos de controle e fiscalização assegurem a ética no serviço público.
Por que você não pode desistir?
A primeira contribuição que você pode dar para o fim da corrupção no Brasil é adotar um alto padrão ético para si mesmo. É muito comum utilizar a palavra ética como algo a ser exigido dos outros, sejam eles políticos, servidores públicos ou outros brasileiros.
Porém, antes de demandar um comportamento ético alheio, é preciso olhar para seus próprios comportamentos e ações e ter certeza de que você pode ser considerado um exemplo de ética para outras pessoas. Ser honesto em meio à corrupção é uma luta muito dura, mas extremamente necessária.
Se um dia o Brasil vencer a corrupção, ele se juntará a países como Estônia e Cingapura, que sofriam com o mesmo tipo de problema e conseguiram triunfar nessa batalha. Um outro exemplo clássico é o de Hong Kong, que sofria com uma corrupção sistêmica até 1970 e hoje é um modelo de como é possível vencer essa guerra.
O caminho percorrido por Hong Kong pode ser comparável ao que está sendo trilhado pelo Brasil. Depois de anos sofrendo com a corrupção, operações policiais no pequeno país do sudeste asiático levaram para cadeia líderes de esquemas corruptos enquanto ferramentas de transparência foram implementadas pelo governo.
Outro fator importante presente em todos os países que venceram a corrupção é o senso de comunidade e coletividade. Nas nações com índices de corrupção baixos, como o Japão, o indivíduo sempre se sente responsável para com a comunidade e, antes de cada ação individual, pensa primeiramente no bem-estar coletivo.
Um pensamento individualista ao extremo muitas vezes induz um cidadão, servidor público ou não, a tomar atitudes que privilegiam ele mesmo e não a sociedade da qual ele faz parte.
É muito importante compreender que ser otimista com o Brasil não é o mesmo que ser complacente ou passivo. A situação ainda é muito grave, e a participação ativa da população é necessária para primeiro mudar o próprio comportamento e, depois, exigir das instituições públicas uma ética verdadeira.
Para ter ética no serviço público, é imprescindível a prestação de contas, transparência e pressão da população, que, junto dos órgãos fiscalizadores, vai garantir que o dinheiro pago pelos impostos seja revertido em boas ações para a comunidade e para o desenvolvimento da nação.
Agora que você já sabe por que é fundamental não desistir da ética no serviço público, aproveite também para ler como a metodologia ágil, que prioriza processos transparentes com responsabilidades distribuídas, pode contribuir para otimizar também o setor público!